Artigo: Divulgação científica na educação

Divulgação científica na educação

A imagem mostra uma mulher negra, Nina da Hora, sorrindo.

A popularização de temas complexos como covid19, desinformação, algoritmos de redes sociais, dentre outros, no Brasil, que sugerem que escolas em qualquer nível possam utilizar esses conteúdos como parte de seu material didático, é resultado do ótimo trabalho que a divulgação científica vem fazendo.

Em meio aos ataques contra a Ciência brasileira, é importante destacar a sua importância para a educação.

Quando pensamos em divulgação científica, geralmente associamos apenas às redes sociais. Eu, no entanto, defendo a ideia de que a educação e a divulgação científica são aliadas. Logo, espera-se que professores, pesquisadores, cientistas também sejam rs.

Na busca pela definição de "divulgação científica", compreendi que seu sentido está evoluindo junto com a comunicação, ciência e tecnologia; e em meio a esta evolução há alguns direcionamentos sobre "o que é fazer divulgação científica", como no post de Roberto Takata, em seu blog Gene Reporter, em que ele sugere que relacionemos as diferentes modalidades de comunicação científicas existentes. Fiquei horas refletindo e lendo as fontes indicadas no post e nos comentários, e isso me ajudou muito a compartilhar minha humilde opinião sobre comunicação científica.

"Divulgação científica" ou Comunicação científica"?

Primeiramente, precisamos diferenciar comunicar de divulgar. Compreendo que quando comunicamos algo, necessariamente precisamos, minimamente, argumentar sobre o que estamos comunicando. Pareceu-me muito conectado ao universo cientifico. Não há, necessariamente, uma preocupação em tornar acessíveis os termos e os conteúdos comunicados. Penso que é muito como a academia gosta de operar.

Já a divulgação está conectada à ideia de acessibilidade; querer compartilhar fora da bolha acadêmica o que se está fazendo, sobre o que se está estudando. É o desejo de ver a ciência fazendo parte do almoço de família. Por exemplo: durante a pandemia, cientistas e pesquisadores criaram perfis em diferentes redes sociais para tentar ajudar a população brasileira. Tivemos perfis respondendo, com "atendimento" de quase 24 horas por dia, a dúvidas em relação a covid e vacina, como a Doutora Biomédica e Neurocientista Mellanie Fontes-Dutra, que usa seus anos de experiência no tema para criar conteúdo acessíveis diariamente. Em uma de suas threads mais importantes no twitter, Mellanie explica a eficácia das vacinas, mesmo sem a pessoa ter tido reação. Assim como Mell, o Pesquisador e Doutorando em Imunologia, Romulo Neris, usa redes sociais e outros meios de comunicação para atuar na grande equipe de cientistas que compõem a linha de frente contra a desinformação e a favor da informação de qualidade, desde o primeiro caso do coronavírus.

Pensando na relação entre divulgação científica e educação, surgem perguntas interessantes:

  • O que ensinar?
  • O que aprender?
  • O que quero divulgar?

Há uma troca infinita nesta relação. Não podemos desmerecer os esforços empenhados para que haja cada vez mais conteúdo disponível. Eu gosto de usar a matemática como exemplo: que matemática ensinar? Que matemática aprender? Que matemática divulgar?

Uma matéria temida por muitos, mas que tem, cada vez mais, sido desconstruída por diferentes gerações, tirando da matemática esse ar de superioridade do homem branco. Um exemplo de divulgação científica que amo é o MatematiQueer: um grupo de pesquisas do departamento de matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que tem feito um trabalho maravilhoso ao debater e contrapor a ideia de que matemática é neutra e apolítica, a partir de estudos de gêneros e sexualidade na matemática. Conteúdo de altíssima qualidade no Instagram e Youtube, que pode ser usado em sala de aula para promover maior inclusão e diversidade na matemática. Precisamos acabar com a falácia de que ciências exatas são "coisas de homem"...

Não há dúvidas das dificuldades e desafios enfrentados por quem se coloca contra ao padrão hegemônico, neutro e racista imposto há anos na sociedade em que vivemos. Por isso, é importante que a divulgação científica permita esse reposicionamento. Ciência não é apolitica; educação não é neutra e não deveria ser usada para individualizar e banalizar causas. Em meio às tormentas que a educação tem vivido, é necessário fortalecer essas iniciativas.

E aí, quais são as iniciativas de divulgadores científicos que você usa em sala de aula?

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