Notícia: “O que fazemos todos os dias é transformar o destino da nação em Destino: Educação”

“O que fazemos todos os dias é transformar o destino da nação em Destino: Educação”

Destino: Educação – 2º dia de Fórum celebrou o lançamento da 5ª temporada da série

O 2º dia de debates sobre escolas com práticas inovadoras e inspiradoras nas Américas foi intenso e repleto de apresentações de boas práticas. Seguindo o tom do 1º dia do Fórum Destino: Educação, alguns nomes de muita relevância na Educação brasileira compartilharam casos de muita criatividade que alcançaram resultados muito positivos.

Saiba como foi o 1º dia do Fórum Destino: Educação!

Após a apresentação das convidadas e dos convidados pela jornalista e consultora em Educação, Ana Catarina Pinheiro, coube a João Alegria, gerente do Laboratório de Educaçao da Fundação Roberto Marinho, dar as boas-vindas a todas e todos: “Na FRM, costumamos começar a fazer as coisas somente depois de conversarmos bastante com outras pessoas. O resultado aparece: a série Destino: Educação tem tido um papel muito importante na formação de professores pelo país”.

Dando prosseguimento às introduções, Priscila Cruz, presidente-executiva no Todos Pela Educação, complementou: “Buscar e encontrar as experiências inspiradoras é importantíssimo. Tenho uma relação muito forte e afetuosa com o Destino: Educação”.

Fórum Destino: Educação – confira os destaques do 2º dia

Mulher branca de meia idade está sorrindo e posando para a foto. Ela está usando um colar de pérolas, brincos elegantes e tem cabelos lisos que chegam na altura dos ombros
Marlova Noleto. (Foto: divulgação)

Desafios do Ensino Médio

Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, deu início às apresentações de boas práticas na educação apresentando o caso de sucesso da Escola Dario Gomes de Lima.

Situada no distrito de Fátima, município de Flores, no sertão pernambucano, a escola conta com o que Marlova considera uma gestão eficiente: “Os processos pedagógicos são calcados em práticas orientadas para assegurar a aprendizagem das(os) estudantes, em consonância com o projeto da escola e as diretrizes curriculares do estado de Pernambuco”.

Priorizando a identidade e a cultura das(os) estudantes, as atividades na Dario Gomes de Lima abordam relações sociais e valores e o desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico, na expressão de sua autonomia – referenciais primordiais de uma educação emancipadora.

“A educação só faz sentido se trouxer felicidade”

Com ênfase na leitura e na matemática, a gestão pedagógica da escola enfatiza projetos que favoreçam a contextualização do currículo, proporcionando planejamento e acompanhamento das práticas. Marlova compartilhou algumas dessas iniciativas:

  • Projeto Pajeú que lê – posto em prática a partir dos anos finais do Ensino Fundamental e em todo o Ensino Médio, tem o objetivo de estimular a formação de leitores/escritores por meio da interação de estudantes, proporcionando uma visão interdisciplinar, com seleção de textos, análise e síntese das informações; oralmente ou por escrito;
  • Olimpíada e Gincana de Matemática – o concreto e o lúdico como formas de explorar e desenvolver as Ciências Exatas;
  • Projetos Interdisciplinares – estímulo para que estudantes ampliem seus universos por meio da integração das áreas de conhecimento, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.

Alguns dos projetos interdisciplinares implementados pela escola foram os seguintes:

  • Feira de Ciências, Tecnologia e Inovação;
  • Inclusão digital e cidadania;
  • Horta da escola;
  • Aulas práticas em laboratório;
  • A Cor da Cultura;
  • Cinema na escola;
  • Banda da escola.

Nos últimos 3 anos, a Escola Dario Gomes de Lima tem alcançado bons resultados, tanto no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco (IDEPE), como no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Em 2017, chegaram à etapa final do Prêmio Gestão Escolar de 2017, conquistando o título de Escola Destaque Regional do concurso. No ano seguinte, a estratégia pedagógica adotada pela escola foi reconhecida pela UNESCO.

Mulher branca de cabelos claros e presos está olhando séria para a foto. Parece que bateu uma selfie. Está usando casaco escuro de gola rolê
Ximena Dueñas. (Foto: divulgação)

A transição da escola para o mercado de trabalho

A 2ª debatedora do dia foi Ximena Dueñas, especialista em Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que trouxe um caso de sucesso na educação realizado em Caldas, uma região da área rural da Colômbia: o projeto Escola Nova (Escuela Nueva, em espanhol).

Com o intuito de promover uma maior integração da pré-escola até o Ensino Médio, as estratégias pedagógicas foram direcionadas o seguinte cenário:

. Alto índice de abandono escolar pelos jovens;
. Moradores da região serem pequenos fazendeiros de café.

Ximena contou que “todas e todos se organizaram para dar continuidade ao projeto, dedicando-se a uma educação plural”. O planejamento envolve aulas multisseriadas, fortalecendo as competências para que estudantes estudem individualmente e também com o acompanhamento das professoras e dos professores.

“A importância da gestão de recursos é imprescindível. E o compartilhamento de experiências e exemplos ajuda muito nesse sentido”

Voltados ao trabalho de 15 competências que identificaram como primordiais – liderança, trabalho em equipe, formação em tecnologia, leitura, entre outras -, convidaram 4 universidades para participarem do projeto. O modelo envolveu uma premissa importante: elas (as universidades) deveriam se adaptar ao modelo Escola Nova.

Segundo Ximena, “a partir dali, as universidades começaram a reconhecer as competências da Escola Nova. Seus professores passaram a ser formados naquelas competências, indo às zonas rurais para transmitirem aqueles componentes complementares”.

Hoje, já existem diversos programas dedicados à economia cafeeira na Colômbia, fazendo com que o abandono diminua por meio de uma educação contextualizada com a realidade da região. Um dos resultados positivos dessa reunião de iniciativas pedagógicas bem-sucedidas foi o aumento na produtividade das famílias cujas atividades se concentram no cultivo e exploração comercial do café. De acordo com Ximena, as estratégias do programa foram levadas também ao Vietnã e à Nicarágua.

Homem negro, careca e sorridente está posando para a foto. Ele traja um paletó escuro, camisa social branca e gravata roxa
Ivan Siqueira. (Foto: divulgação)

O papel da escola no combate ao preconceito étnico-racial

Ivan Siqueira, professor e pesquisador da USP, e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), compartilhou a experiência dos Parques Biblioteca de Medellín, na Colômbia.

A segunda maior cidade colombiana enfrenta, historicamente, questões complexas relacionadas à violência urbana. Ivan conta que “a geografia e a arquitetura da cidade ajudam a entender a dificuldade de se combater os problemas da educação por lá”, que afetam especialmente as populações marginalizadas naquela sociedade.

“Não temos, no Brasil, uma educação que inclua, em seu fazer pedagógico, formação de professores e material didático que contem com interculturalidade e diversidade”

O projeto Parques Biblioteca compõe parte de um programa de bibliotecas conectadas que inclui a Biblioteca Publica Piloto, que disponibilizam acesso a conteúdos diversos, físicos e digitais. A conexão desses espaços com a educação se deu por uma metodologia participativa, desenvolvida com a colaboração entre governo, ONGs, comunidade, movimentos sociais e universidades, levando em conta a arquitetura da cidade para exploração de atividades pedagógicas.

De acordo com Ivan, “atividades, processos e espaços de encontros promoveram diálogos possíveis, em que interculturalidade e diversidade estão inseridas a partir das experiências das pessoas envolvidas nas atividades”.

Uma mulher branca, bem maquiada, que parece ter por volta de 50 anos, está olhando para quem bateu a foto e sorrindo sem mostrar os dentes. Ela usa uma blusa cinza e um belo colar com dezenas de pedras coloridas
Adelaida Trujillo. (Foto: divulgação)

Comunicação e Educação

Adelaida Trujillo, diretora da Citurna Producciones-Imaginario, apresentou o caso da Institución Educativa Normal Superior Montes de María, na Colômbia.

O projeto pedagógico foi calcado em uma educação baseada em evidências, para estimular pesquisa e identificação com o território. Adelaida conta que “já estão há 10 anos dedicados a um comprometimento e um trabalho sociais, com mobilização no âmbito escolar, em que a escola é o núcleo de mobilização territorial para o exercício dos direitos.

Tudo isso se deu por meio de uma plataforma de comunicação e mídias criada para promover cidadania e debates sobre direitos nas escolas colombianas: a Revela2.

Contando com a comunidade escolar como parceira, Adelaida compartilhou pontos que sustentaram todo o trabalho por meio da plataforma:

  • Estimular a reflexão e o diálogo;
  • Contribuir para a transformação de práticas individuais, familiares e socioculturais;
  • Promover a defesa de direitos sexuais e reprodutivos, bem como o respeito pela diversidade e a participação cidadã.

“Existe uma tradição muito forte de produção oral, artesanatos e música em Montes de María. O planejamento pedagógico precisava contar com esse contexto local”

A região de Montes de María convive com o conflito armado há muitos anos, sofrendo com refugiados internos, massacres e ameaças a líderes locais. Por causa disso, muitos jovens abandonaram a região. Diante do desafio que a violência lhes impôs, decidiram adaptar o planejamento pedagógico ao contexto local, conectando-se à memória histórica da região.

Nesse sentido, trabalharam a formação de professores e o engajamento de estudantes e familiares por meio de metodologias e educadoras(es) inspiradoras(es), como a pedagogia do diálogo e Paulo Freire, baseados em direitos, em uma cultura de paz, na convivência pacífica e em relações democráticas.

Adelaida reitera: “o currículo da escola é construído pela conversa”. Por fim, listou algumas das atividades pedagógicas trabalhadas por lá:

  • Escuelas de Palabra;
  • PAZ QUERIDA
  • Escuela de conversación montemariana;
  • Teatro e dramaturgia, para estimularem a memória histórica e a comunicação;
  • Leitura crítica e escrita criativa.
Um homem branco de cabelos pretos, curtos e bem penteados para a direita está sorrindo e posando para quem bateu a foto. Ele usa óculos e está de paletó escuro e camisa social branca por baixo do paletó
Rodrigo Hübner Mendes. (Foto: divulgação)

Redes que não deixam nenhum aluno de fora e nem pra trás

Com Rodrigo Hübner Mendes, diretor executivo do Instituto Rodrigo Mendes, a educação inclusiva teve destaque no 5º Fórum Destino: Educação: “Tenho focado na educação inclusiva. Venho conhecendo escolas com propostas pedagógicas voltadas para o acolhimento das diferenças. Além do foco nos resultados, claro”.

Para Rodrigo, “a escola inclusiva acolhe todas e todos e persegue altas expectativas para cada um. O caminho se dá ao igualar oportunidades e diferenciar suas estratégias por ter consciência que cada um aprende à sua maneira, individualmente.  Essas expectativas precisam ser móveis, constantemente avaliadas e revistas”.

“O professor precisa olhar para a sala de aula como um contexto heterogêneo”

Para compartilhar experiências de sucesso, Rodrigo trouxe o caso da Henderson School, de Boston, nos Estados Unidos.

Em 2011, a escola atendia a 230 estudantes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Eles reservam 30% de suas vagas para crianças com deficiência (bem acima da média do país). Apesar do grande desafio, suas iniciativas se mostraram muito eficazes: os índices de aprovação são mais altos do que a média do estado.

Rodrigo finalizou com alguns pontos que poderiam ser mais facilmente praticados por escolas brasileiras, com as devidas adaptações:

  • Costumam celebrar seus resultados;
  • Organizam-se em pequenos grupos para trabalhar a Matemática;
  • Adotam a flexibilização pra que o estudante consiga seguir diferentes caminhos, desde que siga no currículo que dê conta dos conteúdos básicos;
  • Estudantes disléxicos também se enquadram no contexto dessa escola.
Uma mulher branca, de cabelos loiros e curtos está sentada e falando, pois está com as mãos em movimento e boca semiaberta. Ela usa óculos e está vestindo uma blusa preta com um cachecol colorido em volta do pescoço
Mariza Abreu. (Foto: divulgação)

Financiamento da Educação: como incentivar bons resultados e combater a desigualdade

A ex-secretária de Educação estadual do Rio Grande do Sul e consultora em Educação, Mariza Abreu, trouxe uma provocação para dar início à sua apresentação: “como promover qualidade e equidade vinculadas ao financiamento educacional?”.

Para ilustrar algumas possibilidades, Mariza contextualizou o que a Emenda Constitucional 108/2020 tem em seu texto oficial, que estabelece critérios de distribuição da cota municipal do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) destinados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)“.

Em seguida, comparou os níveis alcançados pelas redes estaduais de ensino do país no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) com o percentual do Fundeb que cada estado recebia. E destacou o caso da educação no Ceará:

“Apesar de ser do grupo de estados que menos contaram com o apoio do Fundeb, a educação cearense está entre as de maior Ideb”

Da experiência na educação pública do Ceará, Mariza destacou alguns pontos importantes:

  • Regime de colaboração entre estado e municípios – 98% das matrículas públicas no Ensino Fundamental são realizadas nas redes municipais;
  • Sistema de avaliação de aprendizagem – criação do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará – SPAECE em 1992, aplicação ininterrupta desde 2006, incluindo o Ensino Médio desde 2008;
  • Construção iniciada nos municípios – iniciativa de Sobral, criação do Comitê Cearense para a Eliminação do Analfabetismo Escolar, do Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC).
Assista à série Destino: Educação no Futuraplay

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