Quais os caminhos para priorizar a alfabetização das crianças no Brasil?
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56,4% das crianças do 2º ano do Ensino Fundamental não sabem ler e escrever. Como mudar essa realidade?
Você sabia que no Brasil, apenas 4 em cada 10 crianças do 2º ano do Ensino Fundamental sabem ler e escrever adequadamente? Isso não é apenas um número chocante: é um chamado urgente à ação!
Os dados são da edição mais recente da pesquisa Alfabetiza Brasil, promovida pelo Inep, que avaliou estudantes de 206 municípios em 2021.
Apenas 4 em cada 10 crianças do 2ª ano do E.F. estavam alfabetizadas em 2021, segundo dados do Saeb
E, para piorar: a porcentagem de alfabetização caiu se comparado à 2019. No período anterior à pandemia, 6 em cada 10 crianças do 2º ano do Ensino Fundamental estavam alfabetizadas.
Para esta etapa do ensino, os estudantes alfabetizados devem conseguir ler pequenos textos, com períodos curtos e localizar informações na superfície textual. Também é esperado que os alunos já sejam capazes de ler e articular texto verbal e não verbal, como tirinhas, por exemplo.
Mas o que explica um número tão baixo?
Para Marcia Baldini, dirigente municipal de Educação de Cascavel (PR), e presidenta da Undime Paraná, a pandemia não é a única responsável por essa queda:
“A pandemia mostrou um quadro um pouco mais grave do que já era alarmante. Se não houver uma mudança do país e a alfabetização das crianças for prioridade, vamos continuar tendo alunos do 5º ano sem estarem alfabetizados”.
Marcia aponta quatro medidas prioritárias para melhorar os índices de alfabetização no Brasil.
1. Política de estado
“Precisamos ter uma política de estado e não de governo, que não mude a cada novo mandato e que esteja alinhada nacionalmente dentro das redes municipais e estaduais.”
2. Investir na formação de professores
“Em média, a cada 10 professores, sete são formados por EaD sem que haja uma relação entre teoria e prática. O professor não pode ensinar aquilo que não sabe. Melhorar a formação do professor é essencial! Precisamos repensar também a formação acadêmica. As universidades precisam estar mais próximas das redes municipais e os educadores devem ter formação continuada. Eles têm que aprender o que fazer, como fazer e de que forma fazer.”
3. Planejamento pedagógico
“É fundamental ter um planejamento pedagógico na escola, um plano de ação da direção escolar, plano de trabalho docente e plano de aula docente, com foco em Língua Portuguesa e Matemática.”
4. Monitoramento contínuo
“Por fim, é preciso haver um monitoramento contínuo das aprendizagens, da coordenação e direção. Temos que verificar se a criança está de fato aprendendo, levando em consideração todos os aspectos que envolvem a alfabetização: oralidade, leitura e escrita.”
Assista a websérie da Undime sobre Alfabetização
Compromisso Nacional Criança Alfabetizada
Na tentativa de reverter esses números preocupantes, o Ministério da Educação lançou em junho deste ano o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
A nova política quer garantir a alfabetização de 100% das crianças brasileiras ao final do 2º ano do Ensino Fundamental até 2026.
Para isso, o governo federal vai promover e subsidiar ações de Estados, Municípios e do Distrito Federal. O investimento será de R$ 1 bilhão, em 2023, e de mais R$ 2 bilhões nos próximos três anos.
Na visão da presidente da Undime Paraná, essa política só será eficaz se tiver continuidade:
“Nós estamos cansados de ver políticas que não são executadas em tempo suficiente para serem aprimoradas, são trocadas a cada governo. O Compromisso pela Alfabetização, por exemplo, está muito bem desenhado porque tem uma governança e monitoramento.”, desabafa Marcia Baldini.
Exemplos a serem seguidos
A dirigente Municipal de Educação de Cascavel (PR) destacou dois trabalhos desenvolvidos no Brasil que podem servir de referência para outras ações de promoção da alfabetização:
“A professora Magda Soares desenvolveu um trabalho primoroso na rede municipal de Lagoa Santa (MG). Outro exemplo bem-sucedido é o estado do Ceará, em que a professora Izolda Cela ajudou na implementação do Programa Alfabetização na Idade Certa”.
Marcia também citou um exemplo da Argentina:
“Em Mendoza, percebemos como o monitoramento constante, quase diário, do processo de leitura e escrita é fundamental para garantir a alfabetização na idade correta. Sem esse monitoramento constante, jamais vamos conseguir sair desse cenário triste que o Brasil se encontra. Assim como existe o Ideb para os anos finais do Ensino Fundamental, deveríamos ter uma política nacional de avaliação para alunos do final do ciclo de alfabetização.”, ressalta a dirigente da Undime (PR).
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