Notícia: Pesquisa aponta que 27% dos jovens estão sem estudo e trabalho no Brasil

Pesquisa aponta que 27% dos jovens estão sem estudo e trabalho no Brasil

Levantamento foi lançado em transmissão ao vivo no YouTube do Canal Futura

Quase um terço dos jovens brasileiros estão sem oportunidades de estudar e trabalhar. É o que revela a pesquisa “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, lançada na última quinta-feira (15), em transmissão ao vivo no Youtube do Canal Futura. O evento também trouxe rodas de conversas referentes ao estudo sobre as carreiras das novas gerações, melhorias para a profissionalização dos jovens e reflexões de estudantes sobre o futuro do trabalho.

Acesse a pesquisa Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras

Na primeira parte do lançamento da pesquisa, especialistas convidados falaram sobre números que compõem um retrato das juventudes no Brasil. De acordo com o levantamento, cerca de 27% dos jovens de 14 a 29 anos fazem parte da população “sem-sem”. Ou seja, o grupo das pessoas que estão sem oportunidade de estudar e trabalhar. O maior grupo é daqueles que apenas trabalham, com 39%. Na sequência, aparecem os que apenas estudam (15%), estudam e trabalham (14%) e estudam e estão desempregado (5%).

Quatro pessoas estão sentadas em uma sala, lado a lado. Atrás delas, painés com círculos azuis em um fundo branco.
Da esquerda para a direira: Rafael Gioielli, Instituto Votorantim; Mariana Zuppolini, Accenture América Latina; Eduardo Georjão, Instituto Cíclica; e Leonne Gabriel, jornalista do Canal Futura.

“Quando se fala da geração que hoje está sem emprego, sem escola, não por opção, mas sobretudo pelas impossibilidades de estarem trabalhando, ou no mundo da educação, os índices de desemprego são aumentados, porque é mais uma parcela que já desistiu de procurar emprego. Aqueles que sobrevivem de bicos, da informalidade, ou da ajuda de familiares e vizinhos, e que, na verdade, 'só sobrevivem'. Os 27% são relativos àqueles que estão procurando e ainda não conseguem encontrar, mas é maior quando consideramos os desalentados", diz Ronald Sorriso, secretário nacional da juventude.

O levantamento é da Fundação Roberto Marinho, Itaú Educação e Trabalho, GOYN SP e fundações Arymax e Telefônica Vivo. Na apuração, executada pelos institutos Cíclico e Veredas, 34 organizações que lidam com a inserção dos jovens na vida profissional responderam a um questionário sobre a inclusão produtiva da juventude.

A qualidade da formação técnica dos futuros profissionais foi uma das principais pautas da pesquisa. Para 67,65% das organizações participantes, faltam cursos de qualificação profissional acessíveis para os jovens de diferentes realidades no Brasil. Já 58,82% das organizações avaliam que capacitação profissional não está atualizada com os requisitos do mercado.

JOvem negro está com uma camisa cinza, de manga comprida. Ao fundo, o átrio de um prédio composto por placas de vidro.
Matheus Gastão, 22 anos, universitário que participou da live de lançamento da pesquisa.

A análise também focou na qualificação dos trabalhadores da nova geração. Mais de 76% disseram que os jovens estão mal-informados sobre carreiras do futuro e sobre como funciona o mundo do trabalho. Outras 82,35% afirmaram que os empregadores não conseguem contratar jovens com habilidades compatíveis com as vagas.

A pesquisa apontou caminhos para a inclusão produtiva da juventude no mercado de trabalho. A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) e a ampliação da oferta de vagas em cursos técnicos, no ensino médio e em estágio supervisionados foram algumas das soluções levantadas.

“Eu sempre vi que o melhor caminho para mim estava na educação, eu tinha que ter uma base formal. Porque eu via o mercado de trabalho como uma forma instável de entrar na sociedade. Por exemplo, um amigo meu entrou no telemarketing assim que saiu do Ensino Médio e continuou na mesma ocupação sem progredir. Eu pensava que, para ter um progresso, eu precisava abrir mão, mesmo que fosse ganhar dinheiro. E aí eu entrei na escola técnica em período integral, sem poder trabalhar. Então eu prestei vestibular e passei para Geografia na USP. A Geografia que me fez entender as questões sociais da minha cidade. Por que minha cidade é tão violenta? Por que a gente não ocupa os espaços? Mais do que a USP me inserir no mercado de trabalho, ela ainda vai me permitir voltar para o meu bairro e devolver para ele o que eu aprendi”, conta Matheus Gastão, 22 anos, universitário que participou da live.

Uma jovem sorri. Ela estrá com o cabelo preso em um rabo de cavalo e usa um casaco jeans claro. Ao fundo, o corredor de um prédio com placas de vidro.
Ana Clara, estudante que participou da conversa sobre o estudo lançado na live.

A estudante Ana Clara, de 17 anos, afirma que a Educação Profissional e Tecnológica também a auxiliou no desenvolvimento das habilidades socioemocionais: “A escola não prepara o jovem para o mundo do trabalho. O que prepara a gente é a prática mesmo. Quando você é inserido nela, vai ter que aprender na hora, querendo ou não. Depois de entrar no programa de jovem aprendiz do CIEDS (Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável), além da técnica, aprendi, no curso, a lidar melhor com meu emocional e a trabalhar o autoconhecimento”.

A transição do mundo profissional a partir das transformações tecnológicas e sociais, como a digitalização da economia, a flexibilização das relações de trabalho e as mudanças demográficas, foi outro ponto abordado na apresentação da pesquisa. Com base nesse cenário, cinco setores promissores para a inclusão produtiva dos jovens:

  • Economia verde: busca a sustentabilidade para combater as mudanças climáticas e a degradação ambiental. Oferece oportunidades em áreas como energia limpa, turismo sustentável e agricultura;
  • Economia criativa: chamada de economia laranja, é focada no campo das artes e da cultura, de forma que possam ser transformadas em dinheiro. Turismo, audiovisual e formas de arte fazem parte da economia criativa;
  • Economia do cuidado: atividades e serviços profissionais de cuidado direto e indireto. Enfermeiros, médicos, babás, empregados domésticos e psicólogos são exemplos;
  • Economia prateada: atividades e produtos ligados a um público de 50 anos ou mais. Também engloba a saúde e profissões como cuidadores de idosos;
  • Economia digital: se encontra em todas as áreas anteriores. É formada por profissionais da tecnologia e de recursos digitais, em diversos campos. Alguns exemplos são: marketing, programação, saúde.

Veja abaixo como foi o lançamento da pesquisa "O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras"

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