Notícia: 204 anos do Museu Nacional

Em setembro de 2018, o Mundo se chocou com as imagens de um incêndio que atingiu o Museu Nacional, na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, cerca de quatro anos depois, o momento é de reconstrução e otimismo. E o Futura celebra essa nova história!

Exposições grandes e desafiadoras, como a reconstrução do Museu Nacional

Quando uma baleia encalha na beira do mar, ela deve ser removida e enterrada por questões sanitárias. Não é um trabalho fácil. Afinal, um animal adulto do sexo masculino pode medir cerca de 15,7 metros e pesar 45 toneladas. O trabalho conta com o registro da carcaça, coleta de medidas e da amostra do material para análise. “Só depois podemos fazer o enterro. Todo processo leva cinco dias”, comenta o biólogo Antônio Carlos Amâncio. O especialista viveu essa experiência com uma baleia-cachalote, que encalhou na Praia de Curimãs, no Ceará, em 2014. Após seis anos, Antônio e a equipe da ONG Aquasis tiveram um novo desafio: desenterrar a baleia e reconstruir o esqueleto. Ele foi doado ao Museu Nacional, que neste mês comemora 204 anos.

Inaugurada em 1818, a mais antiga instituição científica do Brasil – hoje vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – passa por uma reforma tão complexa como o transporte da baleia. Isso porque o local sofreu um grande incêndio em setembro de 2018, que deixou suas portas fechadas por cerca de quatro anos. Agora, o momento é de reconstrução: “nosso principal desafio é avançar nas obras de maneira estratégica. E temos feito isso”. É o que explica Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ. O trabalho tem sido elaborado em três frentes: Museu, Biblioteca e Pesquisa. A primeira trata da restauração do Palácio, que devido ao seu tamanho, foi dividido em blocos. No momento, o foco é o conserto das fachadas e a cobertura do Paço de São Cristóvão. Também são restauradas as 31 esculturas que quebraram durante a tragédia.

Esculturas comprometidas pelo incêndio também serão restauradas.
Esculturas comprometidas pelo incêndio também serão restauradas.

A Biblioteca Central também passa por reformas e será ampliada em mais de mil metros quadrados. É uma das bibliotecas científicas mais importantes do país, que conta com 500 mil livros, incluindo milhares de obras raras. E para as atividades acadêmicas, está em construção o Campus de Pesquisa e Ensino Museu Nacional/UFRJ, com 44 mil m². “A área de pesquisa é fundamental para um Museu de História Natural permanecer excelente. Ele irá funcionar em um terreno anexo, com um Centro de Visitação Educativo que contará com exposições temporárias”, acrescenta Denise.

Módulo Administrativo do Campus de Pesquisa, que deverá atender pesquisadores das mais diversas áreas.
Módulo Administrativo do Campus de Pesquisa, que deverá atender pesquisadores das mais diversas áreas.

Parcerias financeiras e investimentos na pesquisa

O término das obras está previsto para 2027. Até lá, o esqueleto da baleia já estará no Museu Nacional. Mas, quem quiser conferi-lo antes disso, pode ir à Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, para ver a exposição “Que baleia é essa?”. Ela ocorre às quartas, sextas e sábados, de meio-dia às 16h. Além de dar esse gostinho, a mostra pretende atrair parceiros para a reconstrução do maior Museu de História Natural e de Antropologia da América Latina. “Alegria e entusiasmo é o que sentimos por poder acompanhar a retomada do Museu”, conta o cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Dirk Augustin. “Com a contribuição financeira do governo alemão de 24 mil euros (aproximadamente R$ 143 mil), foi possível fazer a montagem e a preparação dessa imponente baleia”. O governo alemão também doou 1 milhão de euros para as obras de restauração.

Esqueleto doado ao Museu Nacional já se encontra em exposição na Cidade das Artes (RJ).
Esqueleto doado ao Museu Nacional já se encontra em exposição na Cidade das Artes (RJ).

Mesmo com a doação, ainda falta captar 36% dos recursos necessários para a reconstrução – cerca de R$ 135 milhões. Esse esforço conta com a ajuda de outros países, como Portugal, que tem sido fonte de acervo histórico. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do país, em parceria com a UFRJ, vai oferecer 50 bolsas de doutorado para atuarem no museu. Os valores vão de 1.150 a 2.100 euros. “É muito mais do que um doutor ganha no brasil. São estudantes que receberão essa bolsa e direito a dupla diplomação. Queremos ter um dos melhores museus de história nacional do mundo, e é através dos pesquisadores que isso irá acontecer”, conclui a reitora. Alunos de qualquer nacionalidade poderão se candidatar.

Museu Nacional no Conexão

No Canal Futura, o Conexão contou mais detalhes e trouxe novidades sobre o andamento das obras. “Temos muitas notícias boas. É um momento de esperança, que vemos as transformações aparecendo. O museu vai voltar, com exposições melhores, mais bonitas e modernas”, diz Juliana Sayão, Diretora Adjunta de Integração do Museu Nacional Vive. Ela foi uma das entrevistadas do programa, que falou ainda de quatro circuitos expositivos que vão acontecer no espaço: Histórico; Universo e Vida; Diversidade Cultural e Ambientes do Brasil. “A imagem do incêndio foi um marco negativo muito grande. Tínhamos peças centenárias e isso não se recupera”, completa a diretora. “Mas o conhecimento segue e evolui. Os trabalhadores e alunos tiveram mais empenho. Cresceu um sentimento no grupo de seguir em frente e superar.”

O Palácio de São Cristóvão - onde está situado o Museu – é um local importante para população, já que funciona como espaço de conhecimento. A história dessa construção se confunde com a do próprio país: ela foi erguida por escravizados, quando o Brasil se tornava a capital do império português. Daí o grande interesse que desperta entre historiadores e curiosos: “agora com a reconstrução, essa participação vai voltar a acontecer”, garante a historiadora Regina Dantas, que também participou do Conexão. “Nós temos a Educação Museal mais antiga, uma seção assistência as escolas que nos visitam. Os alunos são nosso público”.

Você pode assistir ao Conexão nas plataformas de vídeo Canais Globo e Globoplay. No Canal Futura, ele vai ao ar de segunda a sexta, às 20h.

Serviço

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