Notícia: O sexismo te afeta?

O sexismo é o preconceito motivado pelo gênero de uma pessoa, mas por que as mulheres são as maiores vítimas dele na nossa sociedade? E de que forma elas são afetadas desde a infância por esse comportamento? No Debate desta terça-feira (19/07), convidamos Renata Izaal, jornalista e editora no jornal O Globo, para refletir sobre essas e outras questões ligadas à discriminação e à violência de gênero que atravessam a vida das mulheres.

Renata Izaal é a convidada do programa Debate sobre sexismo
Renata Izaal é a convidada do programa Debate sobre sexismo

No programa, apresentado pelo jornalista Cristiano Reckziegel, Renata fala sobre sexismo, misoginia, luta feminista e interseccionalidades. Ela também traz as próprias experiências para a conversa e ressalta que, em uma sociedade patriarcal, onde o sexismo é tão violento, a vida da mulher vira uma espécie de “patrulha”, sendo necessário estar sempre atenta em como se colocar no mundo.

“[O sexismo] deixa traumas e trauma impede meninas e mulheres de sonhar. O sexismo vai interrompendo sonhos, os traumas paralisam. Você não pode exercer uma profissão, você para de sonhar com ela. Você foi tratada de uma determinada forma, você passa a se anular. E se anular é muito pesado”, explica Renata.

Uma pesquisa da Young Women’s Trust com a University College, em Londres, reforça, em números, a fala de Renata. Segundo o levantamento, jovens entre 16 e 30 anos são as que mais sofrem com o sexismo em ambientes como escolas, trabalho e transporte público. A pesquisa ouviu três mil mulheres das mais diversas idades.

O sexismo no mercado de trabalho e o impacto nos salários das mulheres também estão em pauta no Debate. Um levantamento da P3, da Bolsa de Valores do Brasil, analisou 408 companhias de capital aberto no país e, em 61% delas, não há nenhuma mulher na alta direção. Além disso, quando as mulheres finalmente chegam aos cargos de liderança, tendem a ganhar menos que homens.

“São os homens que escolhem quem vai estar lá e aí eles escolhem os brothers deles para trabalhar juntos e assim não mudar nada. Quando uma mulher entra, ela passa a ser uma voz sonante e todo entorno precisa mudar. Ela vai trazer, talvez, mais mulheres para trabalhar com ela, vai olhar políticas de outra maneira. Aquele status quo vai ser balançado, não vai dar nem mais para fazer piada machista na reunião”, defende Renata.

Um programa só com debatedoras

Para aprofundar o tema do sexismo, o programa contou com a participação remota de Lígia Moreiras, doutora em ciências e saúde coletiva; Márcia Kambeba, escritora, poeta indígena e professora; e Maira Azevedo, a “Tia Má”, jornalista e influenciadora digital.

Lígia destacou o sexismo também na ciência e relembra um episódio vivido na época de vestibular. Ao contar para um professor de física que havia passado em 1º lugar no concurso, ouviu dele “Para você ver que não se faz mais vestibular como antigamente. Onde já se viu uma mulher passar em 1º lugar?”.

Elenco feminino: Ligia Moreiras, Márcia Kambeba e Tia Má são as debatedoras do programa sobre sexismo
Elenco feminino: Ligia Moreiras, Márcia Kambeba e Tia Má são as debatedoras do programa sobre sexismo

A questão racial também foi discutida ao longo do programa. A filósofa Sueli Carneiro já explicava que, por muitos anos, os movimentos feministas não reconheciam que o fator racial estabelecia diferenças entre mulheres negras e mulheres brancas. Uma pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) mostrou que um homem branco chega a ganhar mais que o dobro que uma mulher negra para exercer o mesmo cargo. Além disso, em todas as profissões, as mulheres negras ganham menos que mulheres brancas.

“Eu não vou ter as mesmas oportunidades que os homens brancos têm. Homens brancos podem falhar várias vezes e mesmo assim vão ser sempre convocados. Vai ter sempre alguém para relativizar o erro deles. No meu caso, tem sempre alguém procurando e tentando encontrar algum erro para tentar me limar. O erro de uma pessoa preta deixa de ser um erro individual para ser um erro coletivo, porque vão tentar justificar a nossa exclusão por conta de determinadas posturas”, desabafa tia Má.

Além de ir ao ar no Canal Futura, os programas da primeira e da segunda temporadas do Debate podem ser conferidos gratuitamente nas plataformas Globoplay e Canais Globo.

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