Representatividade negra na cultura em pauta no Debate
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A palavra “representatividade” tem ganhado cada vez mais importância, porque pensar sobre ela, nas mais diversas áreas, é um caminho importante para alcançarmos a equidade na sociedade. No Debate desta terça-feira (12/07), levamos a reflexão sobre representatividade para a cultura, mais especificamente pensando nos artistas negros. Por isso, convidamos Sérgio Loroza, ator, cantor e humorista para esse papo.

No programa, apresentado pelo jornalista Cristiano Reckzeigel, o artista fala de ídolos, conta as próprias experiências na profissão e reforça a importância de existirem personalidades negras na cultura, não só por uma questão de equidade no espaço, mas para que outras pessoas se sintam representadas.
“Existe um discurso assim de ‘ah, bicho, o que importa é que as pessoas tenham talento, tenham capacidade’, como se fosse uma coisa secundária. Evidentemente isso é um discurso para quem tá sendo representado, né? Pra quem se sente representado, isso não é tão importante assim, mas, para quem não tem representação nenhuma, isso é importante pra caramba!”, alerta Loroza.
As estatísticas reforçam a fala de Sérgio Loroza. Uma pesquisa da Agência Nacional do Cinema (Ancine) mostrou que, dos 142 filmes lançados comercialmente em 2016, apenas 2% foram dirigidos por homens negros. E, quando se trata de gênero, o resultado é ainda pior. Nenhum deles foi dirigido por uma mulher negra. Além disso, entre as obras de ficção, quase metade não teve pessoas negras escaladas para o elenco. De 2016 para 2022, algumas coisas já começaram a melhorar, muitas vezes graças aos movimentos sociais, principalmente o ativismo negro, mas, considerando que, de acordo com o IBGE, 56% da população brasileira é negra, ainda é necessário avançar mais.
“Eu não sou celebridade, eu sou celebrador. Então eu celebro tudo. Cada vez que eu dou uma zapeada e de cada dez canais começa a aparecer preto, já é uma coisa louca, porque, há muito pouco tempo, até anteontem, você passava cem canais e não tinha ninguém. Então, de uma certa maneira, é uma pequena evolução, mas o que a gente quer mesmo é equidade, mas equidade na frente das câmeras e por trás das câmeras também.”

Tia Má, Rene Silva e Jonathan Ferr no time de debatedores
Para a conversa sobre Representatividade Negra na Cultura, o programa recebe os debatedores Jonathan Ferr, pianista e músico de jazz; Rene Silva, jornalista, fundador do jornal Voz das Comunidades; e Maíra Azevedo, a tia Má, que é jornalista e influenciadora digital.
Jonathan Ferr cresceu em Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, e conta que, aos nove anos, quando começou a tocar piano, não tinha referências de pianistas negros. Ele destaca ainda que a falta de recursos também prejudicava o trabalho.
“Quando eu comecei a tocar e a me profissionalizar na música, me lembro de ter sido limado de alguns trabalhos por não ter um bom instrumento. Me limavam e eu não tinha dinheiro para comprar um novo, era um ciclo. Se você investir no artista, o dinheiro retorna de inúmeras maneiras”, afirma Jonathan.
Além de ir ao ar no Canal Futura, os programas da primeira e da segunda temporadas do Debate podem ser conferidos gratuitamente nas plataformas Globoplay e Canais Globo.
Serviço
Programa Debate – 2ª temporada
- De 3 de maio a 26 de julho de 2022.
- Todas às terças, às 21 horas.
- Onde assistir: nas plataformas Globoplay e Canais Globo.