Notícia: Pacto das Pretas realiza Fórum sobre equidade racial e de gênero

Projeto pretende criar ações para que profissionais negras tenham oportunidades de ascender profissionalmente

O primeiro Fórum Pacto das Pretas reuniu 25 mulheres negras na cidade de São Paulo para discutir inserção no mercado de trabalho. Com o tema “Enegrecendo a sustentabilidade nas empresas”, o evento pretende fortalecer mulheres pretas e estimular o engajamento de empresas comprometidas com a equidade racial. A consultora de Relações Institucionais, Ednalva de Moura dos Santos, que abriu o Fórum, explica a escolha das integrantes:

“As 25 mulheres foram escolhidas por questões geográficas. Nós podemos atingir quase todos os estados da Federação, mas era importante que elas também estivessem inseridas em diferentes contextos profissionais. Então buscamos mulheres no mundo corporativo, professoras, mulheres que estão em organizações e movimentos sociais. Nós entendemos os diferentes olhares sobre a situação da mulher no mercado de trabalho, o que elas imaginam e acreditam que possa ser o diferencial ESG”.

Ednalva conta que a formação do grupo também foi pautada nas interseccionalidades: “Convidamos mulheres mais sêniores. Pensando em diversidades, chamamos mulheres trans, também pensamos na mulher com alguma deficiência”. Ela descreveu o Fórum como uma mola propulsora para as próximas ações que o Pacto das Pretas pretende criar.

Mulher negra em pé no palco, usando uma camisa branca e saia listrada, diante do público. Ao fundo, o nome do fórum: "Pacto das pretas" e uma imagem de uma mulher negra de perfil.
Ednalva de Moura, na abertura do evento.

Desvalorização e sobrecarga

Para a professora Benilda Brito, mestra em Gestão Social, a desvalorização de profissionais negras é um dos motivos que desestimulam sua busca por postos de liderança. Ela participou vitualmente do Painel II - Transformação Social, Educação, Políticas Públicas e Investimento Social. Benilda pontuou que, além de criarem oportunidades, as empresas precisam pensar em mecanismos para manter profissionais negras em cargos de gerência sem que elas adoeçam física e mentalmente.

“Temos que ter pessoas negras ocupando cargos de chefia com colaboradores, com possibilidades financeiras, com meios de executarem suas tarefas, sem essa sobrecarga que está acontecendo hoje com a maioria dos negros que estão nesses lugares. Pessoa negras estão desistindo de ocupar vagas afirmativas porque têm uma sobrecarga de 18 horas de trabalho, porque precisam ser melhores do que as outras, porque tudo que elas fazem não está bom”, salientou a pedagoga.

Três mulheres negras estão sentadas em cadeiras sobre um palco, diante do público. Em imagem projetada ao fundo delas, outra mulher negra. Esta, usando óculos.
Painel II - Transformação Social, Educação, Políticas Públicas e Investimento Social.

Manifesto

As integrantes formularam um manifesto para que as empresas sejam propositivas na implementação de ações afirmativas. O documento declara que ações de fomento às potencialidades de mulheres negras são um direito e um dever social. Rachel Maia, embaixadora do Pacto das Pretas, fez a leitura do manifesto, no início do Fórum.

“Nós, mulheres pretas, somos conscientes da nossa longa jornada a ser percorrida para superação da desigualdade. O momento é oportuno para pautar discursos e romper a discrepância. Buscando soluções conjuntas para diminuir o desequilíbrio de gênero e raça. O Fórum é mais uma iniciativa legitima para que as vozes das mulheres pretas ecoem uníssonas, combatendo a invisibilidade estrutural e cultural. Dialogando com pessoas pretas, pardas, brancas, amarelas e todes. Haja visto que o desafio enfrentado, no quesito gênero, é de responsabilidade coletiva”, diz um trecho do documento.

Mulher negra discursa com um microfone na mão, usando uma camisa lilás e dando um leve sorriso.
Rachel Maia, embaixadora do Pacto das Pretas.

Educação é um pilar da equidade

O manifesto citou a educação como um dos marcadores elementares na construção de uma sociedade inclusiva e equânime. Cida Bento, Conselheira do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), e uma das 25 integrantes do Pacto, falou sobre a importância da educação para que mulheres pretas sintam-se pertencentes aos espaços de liderança, dos quais foram excluídas: “É esse conceito de educar: educar dentro das empresas, educar para dizer que os espaços, públicos e privados, têm que ser democráticos são para todos nós, todas nós, todes nós. Eu considero muito importante o conceito ampliado de educação”.

Ela ainda ressaltou que as instituições precisam se educar de maneira sistêmica, interna e externamente. Segundo Cida, além de inserir mulheres pretas no ambiente corporativo, é necessário pensar em instrumentos de gestão que possibilitem um acompanhamento periódico.

“Como é que está a inserção dessas mulheres? Oportunidades de treinamento, de mentorias, de ampliação de perspectivas dentro da instituição? Ocupar um lugar de liderança, enquanto mulher negra, não é só estar em lugar de comando. É tomar decisões importantes, seja em organizações públicas, seja nas privadas ou da sociedade civil, que impactam a sociedade”.

Diversas mulheres negras aplaudem, de pé, no palco do fórum "Pacto das Pretas".
Integrantes do Pacto aplaudem as trocas acontecidas no fórum.

Pacto de Promoção da Equidade Racial

O Fórum é uma iniciativa do Pacto de Promoção da Equidade Racial, que, segundo Ednalva de Moura dos Santos, visa “abrasileirar” o ESG ao implementar um protocolo ESG Racial no Brasil. A sigla ESG abrevia o termo, em inglês, ‘environmental, social, and governance’. Traduzido para o português, ESG significa ambiental, social e governança.

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