Notícia: Violência infantil: como identificar os sinais, denunciar e acolher a criança?

Como identificar os sinais, denunciar e acolher a criança?

A cada hora, 3 crianças sofrem violência sexual no Brasil. A maioria delas tem, no máximo, 5 anos de idade. A cada ano, 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no nosso país. Protegê-los é um dever de todos. 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à exploração sexual infantil no Brasil.

As denúncias de violência contra crianças e jovens aumentaram em 2022. Somente entre janeiro e abril deste ano, o Disque 100 recebeu 4.486 denúncias, mais que o dobro se comparado ao mesmo período em 2020.

Vale ressaltar que o retorno às aulas presenciais propiciou a identificação de novos casos. Como 81% dos casos de  violência ocorrem dentro de casa, é na escola que o professor repara uma mudança no comportamento do(a) estudante e aciona o Conselho Tutelar.

A cada hora, 3 crianças sofrem violência sexual no Brasil

Os dados sobre abuso e exploração infantil no Brasil são apavorantes. E essa realidade está bem mais perto do que imaginamos. No entanto, devido a subnotificação e estigmatização, parece algo distante. Ainda mais se pensarmos que nem 10% dos casos são notificados, de acordo com informações da campanha #maiolaranja.

Como apoiar essa causa e ajudar no combate à violência infantil no Brasil?

É preciso entender que todos nós, enquanto sociedade, devemos zelar pelo futuro das nossas crianças e jovens. Uma boa forma de engajar e apoiar nesta causa é estar atento às crianças do nosso convívio: ouvindo-as, acolhendo, prestando atenção aos sinais e validando seus sentimentos. Não duvidar do que dizem é o primeiro passo.

Para prevenir diversos tipos de violências que atingem meninas e meninos, o projeto Crescer sem Violência promove uma mobilização digital nesta quarta-feira, dia 18. Com a hashtag #EmCasaSemViolência, a campanha vai mostrar a importância da prevenção e resposta às violências que crianças sofrem, ou estão em risco de sofrer, no ambiente doméstico e na internet.

O objetivo é que a hashtag #EmCasaSemViolência ocupe  as redes com o compartilhamento de informações voltadas para pais, cuidadores, profissionais de educação, crianças e adolescentes, conselhos tutelares e o público em geral.

Você também pode participar da campanha! Baixe o material e divulgue em suas redes usando a hashtag #EmCasaSemViolência.

Que Corpo é Esse?

Desenho mostra três personagens da série "Que corpo é essa?".

Com o objetivo de propagar informações qualificadas que ajudem no enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes, o Canal Futura produziu a série “Que Corpo é Esse?” A série também faz parte do projeto “Crescer Sem Violência” e é uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho, por meio do Canal Futura, Childhood Brasil e UNICEF Brasil.

A 3ª temporada, que também contou com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal entre os parceiros, aborda, de maneira lúdica e respeitosa, a importância de valorizar a Primeira Infância, período referente do nascimento até os 6 anos de idade.

Entre os principais temas abordados estão os direitos dos bebês, o racismo como forma de violência, parentalidade positiva, redes de proteção, maus tratos e violência como punição física. Assista a um trecho aqui.

Assista à série “Que Corpo é Esse?” na Globoplay e Canais Globo.

Como acolher a criança que sofre violência?

Os sinais de uma criança vítima de violência nem sempre são claros. Para entender como os cuidadores podem proceder nesses casos e qual é o papel da escola, conversamos com Luiza Teixeira, Especialista em Proteção à Criança do UNICEF no Brasil.

Uma mulher branca, de cabelos escuros presos em um rabo de cavalo, fala com um microfone na mão.
“É importante que os cuidadores estejam atentos a mudanças repentinas de comportamentos da criança” – Luiza Teixeira (Unicef Brasil). (Foto: divulgação)

Futura: Como identificar se uma criança está sofrendo abuso sexual? Ela apresenta alguns sinais?

Luiza Teixeira: Muitas vezes é difícil identificar estes sinais comportamentais, sobretudo entre crianças da Primeira Infância. É importante que os cuidadores estejam atentos a mudanças repentinas de comportamentos da criança. Ansiedade, manias, insônia, falta de apetite repentino, medo de uma determinada pessoa, baixa autoestima, além de comportamentos que aparecem sem uma explicação aparente podem ser sinais de violência ou abuso sexual.

Futura: Em 2022, tivemos um aumento do número de casos de crianças vítimas de violência. A escola teve um papel fundamental na denúncia dos casos, que eram mais difíceis de identificar durante o período de isolamento social devido à pandemia. Como os professores e a rede escolar devem se preparar para identificar e acolher esses alunos que sofrem alguma forma de violência em casa?

Luiza Teixeira: A escola faz parte da rede de proteção da criança. Os diferentes profissionais do sistema infantil precisam saber como acolher esses estudantes de forma muito respeitosa de modo que não os revitimize. Além disso, é importante fortalecer as capacidades dos profissionais da escola para saber identificar possíveis vítimas e saber quais encaminhamentos devem ser feitos. A escola deve empoderar as famílias para reconhecer esses sinais de ajuda.

“A escola faz parte da rede de proteção da criança”

Futura: Como trabalhar o tema educação sexual com crianças da Primeira Infância?

Luiza Teixeira: Falar sobre educação sexual ainda é considerado um tabu e eu acredito que seja porque as pessoas não entendem bem o que é esse termo. Educação Sexual é explicar para crianças e adolescentes sobre seus corpos, respeitos e limites, o que pode e o que não pode. Desde muito cedo elas são capazes de internalizar essas informações.

“Educação Sexual é explicar para crianças e adolescentes sobre seus corpos, respeitos e limites, o que pode e o que não pode.”

É importante que as famílias compreendam isso e saibam como lidar e explicar. Existem diferentes recursos como materiais, livros e jogos para capacitar os pais a explicar aos seus filhos sobre seus corpos, respeitos e limites. E, principalmente, é importante que a criança saiba que tem um adulto de confiança, é importante que ela aprenda a quem pode pedir ajuda.

Em caso de suspeita de violência ou abuso sexual, Disque 100 ou busque CRAS, CREAs ou Conselho Tutelar do seu município.

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