Dia do professor: como valorizar os educadores em todos os dias do ano
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Debate desta terça (13/10) traz histórias de professores inspiradores para homenagear os educadores brasileiros
No dia 15 de outubro de 1827, o imperador Dom Pedro Primeiro instituiu um decreto criando a “Lei do Ensino de Primeiras Letras”, que estabelecia a fundação de escolas no país. Oficializado como feriado escolar em 1963, este dia celebra as professoras e professores brasileiros.
Em 2020, com o fechamento das escolas, em virtude da pandemia, esses profissionais precisaram se reinventar e se adaptar a novos formatos de ensino-aprendizagem. O Debate desta terça-feira (13/10) traz histórias de professores inspiradores que foram finalistas do Prêmio Educador Nota 10 em 2020, para mostrar a importância de valorizar essa profissão em todos os dias do ano.

Quem são os professores inspiradores?
Para saber mais sobre a premiação deste ano e sobre a importância desta valorização dos professores, o apresentador Cristiano Reckziegel conversou com a Meire Fidelis, diretora executiva da Fundação Victor Civita, instituição realizadora do Prêmio. Os professores Geremias Dourado, da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Elaine Santana, da educação infantil, Keiliane de Oliveira, do ensino médio, e o coordenador pedagógico Zeno Alcides foram os educadores finalistas que dividiram suas trajetórias com o Debate.
O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998 pela Fundação Victor Civita e, desde 2014, conta com a parceria da Fundação Roberto Marinho. O objetivo é reconhecer e valorizar professores da educação infantil ao ensino médio e também coordenadores e gestores escolares, das redes pública e privada do Brasil. “Nós acreditamos que o prêmio é uma forma de mapear, no Brasil, os bons professores, olhar os bons projetos e dar projeção e visibilidade para esses profissionais”, explica Meire Fidelis. Ela conta que neste ano foram contemplados projetos realizados em 2019, mas que o plano para 2021 é premiar iniciativas inovadoras no enfrentamento da pandemia.
“Eu sei que tem uma ideia de que o Brasil parou e de que nós paramos no tempo, mas eu tenho um recado para vocês: os professores não pararam. Nós vimos muitos educadores conscientes da importância que o seu papel tem no desenvolvimento do país e na construção de um Brasil melhor”, ressalta Fidelis.
Os Finalistas de 2020
As histórias dos finalistas do prêmio mostram que os professores “já não paravam” antes mesmo da pandemia. A Elaine Santana integra o time de professores inspiradores. Boa parte dos alunos da educação infantil de Elaine é migrante ou descendente de pais nascidos na Bolívia, Paraguai, Peru e Argentina, empregados nas confecções do bairro do Bom Retiro (SP).

Sabendo que o tecido se faz muito presente na vida de seus alunos, a professora os apresentou a trabalhos de artistas contemporâneos que utilizam materiais têxteis como linguagens de expressão. Com formação em Artes, Elaine propôs que os alunos realizassem trabalhos em diversas linguagens artísticas, incluindo o bordado, como uma forma lúdica de reforçar as questões de identidade cultural e memória que atravessam a vida dessas crianças. O resultado do projeto foi exibido na Mostra Cultural da escola, com a participação dos familiares.
A professora conta ao Debate que, durante o projeto, buscou valorizar a cultura latino-americana, principalmente por conta da realidade dos seus alunos. “Normalmente, há um foco em uma matriz europeia, mas nós estamos aqui, no Hemisfério Sul. E os nossos conhecimentos aqui da América Latina? Onde ficam? Então, acho que a gente passa por um processo de valorização desses novos saberes”, explica Elaine.
Propor uma educação que pense na realidade local também foi um dos focos da Keiliane de Oliveira, professora de química do ensino médio, na rede pública de São Tomé, no Semiárido baiano. O povoado é a morada de uma comunidade quilombola que não tem acesso a saneamento básico, em que, mesmo nos bebedouros da escola, a água é salobra.

Diante deste problema, a professora propôs que seus alunos pensassem em soluções sustentáveis e baratas para resolvê-lo. Depois de realizarem questionários para entender as demandas da comunidade e produzir maquetes com modelos de fontes de energia renovável, os alunos chegaram ao protótipo de um dessalinizador de água, de baixo custo, movido a energia solar. “Você poder tocar no aluno, sensibilizá-lo a ter um pensamento crítico, para que possa interferir na própria realidade: esse é o poder da educação”, comemora a professora, em entrevista ao Debate.
Em Rondônia, o problema é outro. Segundo levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a cidade de Porto Velho registrou o maior número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal, em agosto de 2020. Para tentar combater este problema arraigado na cultura do estado, o professor de biologia Geremias Dourado Cunha criou um projeto de conscientização entre alunos da EJA do município de Ji-Paraná.
Entre os estudantes, há muitos pequenos produtores rurais que acessam informações via redes sociais, principalmente. Diante deste cenário, o professor colocou a turma em contato com dados atualizados sobre queimadas e desmatamento do site do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e estimulou que jovens e adultos desenvolvessem habilidades de interpretação de gráficos e de textos jornalísticos. “Eu acho que a grande vantagem do trabalho foi ter aumentado o repertório dos alunos de termos da biologia e também ter permitido uma maior compreensão do que é o desmatamento e de quais são seus impactos negativos”, ressalta.
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Antes de ser professor, Geremias, como aluno da rede pública, também experimentou o potencial transformador da educação. Ele conta ao Debate que, no terceiro ano do ensino médio, já sabia que queria ser professor, mas não sabia como chegar até esta posição. O caminho encontrado foi a prestação de um concurso, em 2004, para ser zelador da mesma escola em que ele estudou. Em paralelo, ele cursava biologia na faculdade até virar professor, em 2012.
Outro finalista do Educador Nota 10 e que integra a lista de professores inspiradores é o coordenador pedagógico Zeno Alcides Kaipper Ely. Impactado pela educação desde cedo, ele conta ao Debate que sempre estudou em escolas públicas e que, ainda na infância, foi estimulado, pelos bons professores que teve, a seguir na carreira docente. “A educação é algo que transforma a nossa vida, a gente consegue alçar voos cada vez maiores e atingir nossos objetivos”, afirma.
A educação é algo que transforma a nossa vida, a gente consegue alçar voos cada vez maiores e atingir nossos objetivos
Zeno Alcides
Atualmente, Zeno coordena uma escola localizada em uma aldeia indígena, em São Miguel das Missões (RS), e desenvolveu um projeto para promover a troca de saberes entre os professores indígenas e não indígenas. Foram realizados encontros para o compartilhamento de conhecimentos que dizem respeito à abordagem dos conteúdos curriculares e à cultura da comunidade. Antes disso, muitos alunos não queriam estudar na escola da aldeia porque achavam que o ensino não era bom. “Nós víamos a necessidade de oferecer uma educação de qualidade para os indígenas dentro da aldeia, não simplesmente oferecer a escolarização dentro da aldeia”, explica o coordenador.
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De acordo com pesquisa da Entretanto Educação, feita com 577 profissionais da área, 62,4% acreditam que o professor será mais valorizado em um cenário pós-pandemia. Meire Fidelis defende que esta valorização precisa acontecer sempre e, para isso, a sociedade precisa assumir a sua parte na educação das crianças e não deixar toda esta carga sob responsabilidade dos educadores.
Cada brasileiro tem que fazer uma análise sobre como ele mesmo enxerga o professor, porque é da escola que está saindo o país de amanhã
Meire Fidelis
Diretora executiva da Fundação Victor Civita
Você confere essas temáticas no Debate apresentado por Cristiano Reckziegel, nesta terça-feira (13/10), às 21h, nas telas do Canal Futura, e disponível também no Futura Play.
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